O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento, na tarde desta quinta-feira, em São Paulo, um dia após ser denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.
Dentro do pronunciamento, Lula aproveitou para criticar Eduardo Cunha 'cassado por aqueles que o apoiaram para derrubar a Dilma' e agradeceu aos senadores que votaram contra o impeachment da ex-presidente.
O ex-presidente também criticou a burocracia dos segundo e terceiros escalões da administração pública. 'O presidente é a locomotiva, a máquina pública é uma estação. Locomotiva passa todo dia uma nova, a estação está sempre lá', afirmou. Lula também lembrou das medidas promovidas por ele e por Dilma para aumentar a transparência e o combate à corrupção.
'Eu não posso dizer a convicção que eu tenho deles'
Na segunda metade do discurso, Lula começou a se defender das acusações. Disse estar com a consciência tranquila e que confia nas instituições, que não podem ser mal-vistas por causa de 'meia-dúzia': 'Construiram uma mentira, como um enredo de uma novela, e está chegando o final: acabar com a vida política do Lula', afirmou.
Em tom duro, disse não conhecer os investigadores, mas criticou a forma com que as investigações foram conduzidas. 'Respeitaria mais a família deles (investigadores) do que eles respeitaram a minha'.
Segundo Lula, os policiais entraram na casa dele e dos filhos e reviraram móveis. 'Até meus discursos escritos levaram do instituto, certamente para plagiar', disse, arrancando risada dos presentes.
O ex-presidente também não poupou críticas sobre a coletiva da força-tarefa da Lava Jato, o que chamou de pirotecnia. Para Lula, não há provas contra ele, apenas 'convicção'. 'Eu não posso dizer a convicção que eu tenho deles', respondeu, cobrando respeito: 'Só quero que respeitem a Dona Marisa'.
Chegando ao fim do pronunciamento, o ex-presidente chorou ao lembrar que passou fome, beijou a camisa do PT que vestia e pediu aos petistas do país para andarem de camisa vermelha. 'Esse partido tem que ter orgulho porque ninguém nunca mais fez mais do que nós fizemos nesse país', afirmou, sob aplausos dos correligionários e gritos de 'Lula, guerreiro, do povo brasileiro'.