Data publicação: 20 de dezembro de 2016
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Ao ficar desempregado, Sergio precisou interromper a faculdade ainda no primeiro semestre
Ao ficar desempregado, Sergio precisou interromper a faculdade ainda no primeiro semestre Foto: Rafael Moraes / Extra

Até que ponto o desemprego impacta o ensino superior?

Há uma relação direta da renda familiar com o acesso ao ensino superior. Há mais de dez anos, aqueles que tinham acesso eram das classes média (tradicional), média alta e dali para frente. Você tinha pouca oferta de financiamento, poucas bolsas. Esse problema foi combatido nos últimos anos. O Fies e o Prouni foram importantes. Com o encolhimento desses dois programas e com a crise financeira, nossa perspectiva é que o país dê um passo atrás na inclusão no ensino superior.

Quais as consequências mais visíveis desse cenário?

Desde 2015, vemos uma diminuição no número de matriculados, o que claramente atinge quem não consegue pagar e, obviamente, não consegue financiamento. O empobrecimento da classe média tem como consequência direta a diminuição do total de matriculados. A recuperação será mais para o fim do ano que vem.

Os financiamentos próprios que algumas instituições têm oferecido atenuam o problema?

Sem dúvida. Dos alunos que perdem um pouco a renda, muitos vão conseguir pagar um pouco da faculdade. Estes vão valorizar a permanência nela. O que temos visto é que é possível resgatar em torno de 30% desses alunos. Mas, se a recuperação econômica do país demorar demais, mais de dois ou três anos, o aluno que topou um financiamento ou um parcelamento poderá ter dificuldades de permanecer com ele.

Jornal Extra