Das 92 prefeituras do estado, 33 ainda não sabem quando poderão pagar o 13º
Pela primeira vez, a digitadora Eliane Pereira, de 47 anos, não terá ceia de Natal em casa. A reta final de 2016 tem gosto amargo, não há motivos — nem dinheiro — para festejar. Servidora concursada da prefeitura de Belford Roxo, ela passou o ano recebendo salários atrasados. A situação foi tão dramática, que Eliane precisou até mesmo de doações dos amigos e parentes para sobreviver. Na última sexta-feira, ela foi ao banco conferir se o salário do mês de setembro havia sido depositado. Saiu de lá desesperada mais uma vez.
— Eu já não sei mais o que fazer. Já cortei tudo que tinha que cortar, aguardando a regularização da situação para poder voltar a ter minha vida normalmente. Deixei de comprar até remédios para não sacrificar a escola da minha filha. Estou perdendo a esperança — afirma Eliane, que se mudou do apartamento próprio para morar com a família, pois não tinha recursos para pagar o condomínio.
O desânimo dela não é um caso isolado. Nos municípios fluminenses, a crise econômica que atinge o país e, principalmente, o Estado do Rio provocou um estrago nas contas de várias cidades, prejudicando o pagamento de seus servidores. São atrasos de um, dois e, em alguns lugares, de até quatro meses. Os municípios se defendem, argumentando que não receberam alguns repasses e, portanto, não podem garantir quando depositarão os vencimentos.
Jornal O Globo-Via Folha de Italva