Data publicação: 29 de julho de 2017
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A situação de penúria da segurança pública no Rio de Janeiro tem sido agravada pela grave crise financeira do governo estadual. Enquanto os gastos com segurança têm despencado, os índices de criminalidade explodem.

A crise é tão grave que juízes e promotores estão inovando: em vez de obrigar a distribuição de cestas básicas para instituições de caridade, resolveram ajudar as polícias Civil e Militar, estipulando penas de doações de papel, canetas, materiais de limpeza e até pneus para viaturas.

"Nos crimes que têm penas de prisão pequenas, que são considerados de menor potencial ofensivo, a lei prevê outra forma de o condenado receber a punição: em vez da privação da liberdade, a pena pode ser convertida em valores a serem pagos como multa ou prestação de serviços comunitários", explica a juíza criminal Yedda Filizzola.

A GloboNews teve acesso a várias decisões judiciais determinando a doação de materiais para delegacias da Polícia Civil e batalhões da Polícia Militar. A lista inclui materiais de escritório, como canetas esferográficas, papel ofício, grampeadores, grampos, furadores de papel, pastas, tesouras, lápis, apontadores, canetas marca-texto, rolo de barbante, cola, e fichário, além de materiais de limpeza, como sabão em pó, detergente, desinfetante, cloro, pano de chão, limpador multi-uso.

Alguns juízes já estipularam outros itens curiosos, como colchões, pneus e até material para adestramento de cães.

"Infelizmente estamos vivendo uma confluência de fatores negativos. No momento em que a crise do Estado se agrava, a criminalidade aumenta num patamar assustador. Todo dia a gente acorda com homicídios", afirma a promotora de Justiça Carmen Eliza Carvalho, que dá plantões no Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos.

Ela completa: “Quando não se tem folha e cartucho para imprimir um registro de ocorrência, falta luva para fazer perícia... falta o básico, né? Não tem nada!".

Fonte: G1