O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse nesta quinta-feira que vai trabalhar para que o governo interino do presidente da República Michel Temer tenha a base parlamentar unida. A declaração foi dada durante o primeiro compromisso de Maia como presidente da Casa: uma visita de agradecimento ao senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, pelo apoio no pleito.
"Acho que a gente tem que olhar para o futuro, e não olhar para o passado. Hoje nós temos uma base do governo, a base de 400 deputados. Não vamos separar mais a base - a base da antiga oposição e a base do 'centrão'. Isso tudo está atrapalhando o Brasil. Nós vamos trabalhar em conjunto com os líderes para que o governo tenha uma base unida. Ninguém é do bloco A ou do bloco B. Isso gera divisões desnecessárias. Nós temos um projeto de governo, e esta base precisa trabalhar junta. É assim que eu vou, como presidente da Câmara e deputado do governo, ajudar."
Maia afirmou ainda que vai atuar junto com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para que deputados e senadores voltem a trabalhar juntos.
"Nós vamos escolher pautas em conjunto, para que a gente possa superar a crise, reformar muitos temas no Brasil em conjunto. É fundamental que o Câmara e o Senado voltem a ter um diálogo saudável, que deixamos de ter há muito tempo."
Entre as prioridades da pauta, o presidente da Câmara citou a agenda econômica e temas da reforma política. Questionado pela imprensa sobre um possível esvaziamento da Câmara no segundo semestre, por conta do período eleitoral, Maia disse que a ideia é fazer acordo com os deputados para estabelecer "semanas de votação".
Durante o encontro, o senador Aécio Neves anunciou a apresentação de Proposta de Emenda à Constituição, juntamente com o senador Ricardo Ferraço, do PSDB do Espírito Santo, para colocar fim às coligações nas eleições proporcionais e para restabelecer gradualmente a cláusula de barreira - ou seja, percentual mínimo de votos para que partidos tenham direito a recursos do fundo partidário e a tempo gratuito de rádio e TV. Segundo ele, a ideia, com a proposta, é conferir mais força e representatividade aos partidos políticos.
"É um caminho necessário, eu acredito, terá que ser transcorrido este caminho, para que tenhamos, no futuro, um conjunto de partidos que representem segmentos de pensamento da sociedade, diferente deste excesso inexplicável hoje de siglas partidárias".
O senador pediu apoio do presidente da Câmara para que esta seja uma pauta prioritária do Congresso. Já tramita, no Senado, proposta de reforma política aprovada pela Câmara que, entre outros pontos, proíbe a reeleição para cargos majoritários, como presidente e governador. Mas Neves ressaltou que a tramitação desta proposta "está paralisada".
Reportagem – Lara Hage
Fonte: Câmara dos Deputados